top of page
Buscar
  • Foto do escritorLucimara da Silva Corrêa

Como somos espectadores no drama?

Como somos espectadores no drama?


Partindo do ponto de que geralmente entendemos a ficção como uma representação, e de que associamos como parte deste campo, a arte, porque também a pré-conceituamos assim, se faz necessária uma reflexão acerca da realidade na qual estamos inclusos. Com essa reflexão, poderemos chegar à hipótese de que há um aspecto um tanto quanto ficcional nessa realidade, uma vez que estamos sujeitos à linguagem, e nos assujeitando a ela, ficcionalizamos. A realidade é, portanto, ficcionalizada. Se antes pensávamos que a arte fazia parte do campo da ficção e agora supomos a realidade/a vida também fazem, poderíamos então afirmar que a arte e a vida estão ligadas por um elo? Seria este elo o drama, a tragédia? Do ponto de vista de Aristóteles, a arte poderia funcionar como uma descarga de emoções sob a descrição da potência (do que poderia vir a ser), que por meio da tragédia, a qual sempre causa terror e piedade, nos purificaríamos. Na visão de Nietzsche, a arte é desenvolvida partindo das forças apolíneas e dionisíacas, as quais se relacionam respectivamente a figuração e a música; a ordem e ao caos; ao belo e a embriaguez. Ambas (as forças) caminham juntas. E assim, originam a tragédia, com a qual o espectador se vê representado, por assistir ao “gostar de sofrer” ao Pathos, a paixão. Para Artaud, a cultura, a arte, e a vida eram inseparáveis. Estaríamos nós, condenados a cultura, porque esta nos permite “construir” uma vida que seja uma possibilidade de redenção. Com a proposta do “teatro da crueldade”, o autor prega que por meio de uma linguagem de signos, própria do drama, e uma forte interação com os espectadores resultaria em um teatro (a arte) apresentada como uma continuidade da vida. Brecht pensa na arte como um poder de transformação, que com o estranhamento poderíamos servir em defesa de mudanças, a arte transformaria o mundo. De acordo com Rancière, a arte é pensada em função da ligação entre estética e política, dando ênfase em como as pessoas sentem o mundo a sua volta, como lidam com isso, como controlam e são controladas, como dispõem a sua visão/sensibilidade aos outros e como isso interfere politicamente. Também foca na importância da destruição da distinção entre o ver e o fazer. Diante de todas estas visões e da hipótese de que o drama liga a vida à arte, podemos dizer que somos espectadores no drama ao percebermos que estamos nele e com ele; que vivemos o mesmo; que temos uma enorme responsabilidade diante do ver, do observar; que podemos, sendo espectadores emancipados, alternar os papéis que nos são delimitados; que podemos agir, uma vez que somos também, arte.



4 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page