Síntese do texto “Linguagem, língua, linguística” da autora Margarida Petter
As diversas explicações existentes sobre a origem do mundo são perceptivelmente semelhantes por fazerem a associação do poder da criação à linguagem verbal. A linguagem verbal é de fato, poderosa, em numerosos sentidos. Por meio dela pode-se, por exemplo, dar nomes e criar diferentes versões para explicar o surgimento da vida, a existência do universo; podem-se expressar diversos pontos de vista sobre o passado, o presente e o futuro.
A linguagem verbal representa uma das coisas da qual o ser humano não pode viver socialmente sem, a comunicação. Toda a produção ligada à linguagem ocorre em sociedade. A linguagem não era considerada totalmente autônoma. Na organização de frases, palavras e sons podia-se dizer que ela era relativamente autônoma; já como expressão de ideias ou emoções dependia muito da visão e da realidade da pessoa que falava.
Os primeiros estudos ligados à linguagem foram feitos pelos hindus por motivos religiosos, mas com o tempo, eles passaram a estudar a fundo a sua língua. Os gregos, por sua vez, tiveram como princípio de estudo, descobrir se havia ou não uma relação entre a palavra e o seu significado. Entre esses gregos, estava Platão. Entretanto, nem todos os gregos seguiram esse princípio de estudo, Aristóteles, por exemplo, analisou precisamente a estrutura linguística. Os latinos seguiram os gregos na gramática, que foi definida como ciência e arte por Varrão. Una e universal foi como os modistas na Idade Média, descreveram a estrutura gramatical das línguas. A tradução dos livros sagrados em várias línguas contou com a ajuda de uma parte do povo, que devido as suas viagens trazia o conhecimento dessas línguas desconhecidas, apesar de a tradução ter sido provocada pelos religiosos.
O estudo de comparação das falas e o interesse pelas línguas vivas ocorrem devido ao maior número de línguas conhecidas. A comparação das línguas acaba mostrando que elas se transformam com o tempo. O fato de existirem semelhanças entre o grego, o latim, o persa e o germânico deixa claro que elas têm uma relação de parentesco. Descobriu-se então, que depois de alguns séculos, o latim se transformou em português, espanhol, italiano e francês devido às mudanças na linguagem verbal.
O principal foco no estudo da linguística moderna é a fala. Foi com a ajuda de Saussure que a linguística passou a ser reconhecida como estudo científico. Nessa mesma época, a linguística passou a ser considerada autônoma. As definições de linguagem foram propostas por muitos estudiosos devido ao desenvolvimento dos estudos linguísticos. A proposta de Saussure é a de que a linguagem é física, fisiológica e psíquica e que ela envolve uma complexidade e uma diversidade de problemas, que precisam da análise de outras ciências. Também para Saussure, a língua é um sistema de signos e a fala é um ato individual. O professor afirma ainda que o estudo da linguagem deve ser feito em duas partes, sendo uma delas investigadora da língua e a outra analisadora da fala. Uma teoria foi desenvolvida com base nessas ideias de Saussure, o estruturalismo. Os princípios dessa teoria tomaram a linguística como “ciência piloto”.
Por outro lado, Noam Chomsky trouxe novas transformações para os estudos linguísticos afirmando que a linguagem é um conjunto finito ou infinito de sentenças e que cada uma delas é finita em comprimento e construída a partir de um conjunto finito de elementos. Também para ele, a análise das línguas naturais deveria permitir a determinação das propriedades estruturais que mostram a diferença entre a língua natural e as outras linguagens. Chomsky acredita que essas propriedades são complexas demais e que uma criança na fase em que está começando a falar, não poderia aprendê-las do nada. Elas já deveriam ser “conhecidas” pela criança antes de ela ter contato com qualquer língua natural. A linguagem para ele, é então, uma capacidade inata e específica da espécie. Assim como uma teoria foi desenvolvida com base nas ideias de Saussure, outra também foi com as ideias de Chomsky, o gerativismo, fundamentada nos princípios das propriedades anteriormente citadas.
